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Universidade Federal do Ceará
Espanhol Acessível: língua estrangeira em todos os sentidos

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O Projeto de Extensão

O projeto de extensão Pessoas com deficiência visual e formação inclusiva: uma introdução à língua espanhola por meio de multi e múltiplos letramentos situa-se em um paradigma que visa pensar e vivenciar a Universidade como espaço  plural e aberto, sem restrições à heterogeneidade constitutiva  dos seres humanos. Partimos do pressuposto de que a Universidade deve configurar-se/constituir-se  por e para uma ecologia de saberes que se respeitam e reconhecem-se  (SOUSA E SANTOS, 2002). Partindo desse pressuposto, entendemos que para o trabalho de formação  que realizamos em nossas licenciaturas, urge a necessidade de uma  preparação teórica e prática, tanto para atender alunos/as com deficiência ingressantes no Ensino  Superior, como para fornecer subsídios para a atuação de nossos/as licenciandos/as junto a alunos/as com deficiência, em suas futuras práticas docentes. A oferta de um curso  extensionista de introdução à língua espanhola voltado para o público de pessoas com  deficiência visual (DV) vem ao encontro dessa dupla  necessidade.
O ensino de línguas estrangeiras para pessoas com DV já vem sendo  pesquisado em algumas universidades, tais como UFPB, UNB, UFRN,  UAB/UFSM1. Entre os trabalhos desenvolvidos nestas instituições, citamos o da professora Betânia  Passos Medrado (UFPB) com o Projeto “Ensino de língua estrangeira e  deficiência visual: ação inclusiva e trabalho docente”, cujos primeiros resultados e discussões  encontram-se na coletânea “Deficiência visual e ensino de línguas estrangeiras: políticas, formação e ações inclusivas” (2014). É dentro desse contexto,  ainda pouco expressivo numericamente, que situamos o Curso introdutório de língua espanhola voltado ao público de pessoas  com cegueira ou baixa visão.
Ao falarmos sobre o ensino de língua estrangeira para pessoas com DV, faz-se necessário repensar nossas práticas de ensino focalizadas, quase que inteiramente, no sentido da visão, especialmente em um mundo onde as multimodalidades voltam-se, preponderantemente, para uma gramática do visiocentrismo. A interação com o público de pessoas cegas, em aulas de língua estrangeira, vai além de práticas pedagógicas como o uso do sistema Braille, ou a leitura em voz alta a respeito do que se encontra na lousa. Trata-se de processo que envolve, por exemplo: sondagem sobre os meios e os modos que as pessoas com DV utiliza-se para entrar em contato com a informação escrita; transcrição de uma ampla gama de materiais para o sistema Braille; processo de tradução audiovisual de imagens estáticas e em movimento; construção de formas alternativas de acesso ao conhecimento como, por exemplo, a montagem de maquetes em alto relevo para que os estudantes possam ter contato com alguns conteúdos difíceis de apreender somente por meio do sentido da audição; reconstrução de metodologias no que diz respeito à leitura para cegos com o intuito de aprimorar a técnica utilizada por ledores/as e, dessa forma, contribuir com mais uma ferramenta de acesso ao conhecimento para os estudantes com deficiência visual, na aprendizagem de uma Língua Estrangeira; construção de material didático que contemple, além dos conteúdos programáticos, a viabilização destes conteúdos por meios que não se apoiem na visão;
A oferta de um curso de extensão inserido nessa proposta visa iniciar reflexões e ações que possam integrar, de maneira mais sólida e  coadunada, o cenário recente de leis e decretos que promovem e legalizam a inclusão de alunos/as com deficiência, e a atual realidade de nossas licenciaturas, no tocante à  preparação para a atuação pedagógica com esse público. Dentro da constelação legislativa, atualmente em vigor  nacionalmente, podemos referenciar alguns marcos regulatórios tais como as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013), Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação  Básica (2001), Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), Diretrizes  Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada, em Nível Superior (2015) e Plano Nacional de Educação (2014) e a Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa  com Deficiência, 2015).
Diante desse cenário, o Curso de introdução à língua espanhola para pessoas com DV pretende promover discussões e ações nos seguintes âmbitos:
1 – promoção do diálogo entre as pesquisas desenvolvidas na academia e as pessoas com DV; a formação de discentes para a atuação com alunos/as com deficiência visual
2 – Entendemos que a atuação nesses âmbitos, por meio do curso, promoverá iniciativas diretamente relacionadas a alguns dos incisos do Artigo 283, presentes na Lei Brasileira de Inclusção: Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: (…)
3 – projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; (…)
4 – adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; (…)
5 – pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva; (…)
6 – adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado; (…)
7 – inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos do conhecimento; (…) (Câmara dos Deputados, 2015, p. 19-20).
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